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    Unidade Cláudio | III Novembro Negro: vidas negras importam

    Maicom Marques de Paula | Geliany Aparecida Menezes Costa | Gilslâne Daniela de Oliveira

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    Pelo terceiro ano consecutivo os estudantes do curso de Serviço Social em parceria com os do curso de Pedagogia da UEMG/Cláudio realizaram o evento “Novembro Negro”, ocorrido na última quinta-feira, 21/11/2019, com o tema; “Vidas Negras Importam”.

    A proposta buscou fomentar e ampliar as discussões referentes a visão construída acerca da população negra. Para além da interlocução com a comunidade claudiense, através de apresentação artística realizada por adolescentes do projeto filantrópico “Clube de Mães Saud Mitre”, contou com a apresentação cultural executada pelo Terno de Moçambique, destacando a cultura de seus ancestrais por meio de cantigas e danças, e das palavras do capitão do terno Samuel.

    O mestre de cerimônia e estudante do 6º período do curso de Serviço Social, Matheus Borges Gonçalves, denunciou as diversas violências que a população negra, constitutiva da maioria da população brasileira, vivencia desde sempre.

    Com a palavra, a palestrante convidada, Sheila Dias Almeida – assistente social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, mestre e doutoranda pela mesma instituição e professora do curso Serviço Social da Universidade de Ouro Preto – UFOP destacou que atividades como esta, representam uma expressão de resistência frente aos desmontes das políticas públicas que enfatizam práticas preconceituosas. De forma crítica e contextualizada Sheila destacou o processo de tornar-se negro a partir da valorização dos sujeitos acerca de sua etnia. Externou considerações quanto a construção do racismo, que é sagaz e seleciona quem é quem, através da naturalização da escravidão no transcorrer das décadas, resultando numa análise de sua prática como algo apenas politicamente incorreto e não como uma problemática estrutural. Indicou que o racismo, se entendido num aspecto meramente individual, jamais será superado, pois, os comportamentos e conceitos que o constituem são influenciados por uma dimensão social e em determinadas situações.

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    Sheila realizou um resgate da historicidade por meio da escala etnográfica; a teoria do branqueamento; a democracia racial; citações sobre os negros exemplificadas por Gobineau, que utiliza a expressão “degeneração mais deprimente”, e Agassis que destaca “não poder haver maior deterioração”. Além da visão e justificativa da Igreja sobre o processo de escravidão, discorreu quanto as políticas genocidas junto ao povo negro e a diferenciação entre o chamado preconceito de origem, vivenciado nos EUA e partes da África, onde os indivíduos conhecem sua descendência e por ela se definem, e o preconceito de marca, vivenciado no Brasil, cuja miscigenação dos povos leva a perca da subjetividade dos sujeitos negros, propiciando um sentimento de não pertencimento. Segundo Sheila, está na raiz deste sentimento a não existência de um projeto de nação no Brasil, pois se costumes, culturas e tradições são apagadas/discriminadas, passa a existir somente a concepção de “um povo”. Enfatiza ainda a forma pela qual a história do povo negro se apresenta, traduzida em livros, figuras, pinturas, etc, e simultaneamente levanta questionamentos sobre a leitura realizada acerca desta história contada.

    A finalização da atividade se deu mediante a um chamamento/convocação ético/política junto ao público que se encontrava no local e se autodeclarou branco, para que a exemplo do que nos aponta Ângela Davis, não sejam apenas não racistas, mas sim, antirracistas e se engajem na luta antirracial.

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