O teatro da Biblioteca Pública Estadual, que emoldura com outras instituições a Praça da Liberdade, no coração de Belo Horizonte, sediou na noite da última sexta-feira (17) um encontro que reuniu gerações de músicos e docentes talentosíssimos a celebrar a trajetória de uma Escola que possui muita história e inúmeras contribuições no campo da arte para a capital e para Minas Gerais.
A epopeia da criação, consolidação e resiliência na crença de um trabalho incessante pelo ensino e difusão da música erudita emocionou os presentes e ficou fortemente ilustrada pelas histórias dos três professores homenageados da noite, que com seus esforços e dedicação tanto contribuíram para o espaço que hoje a instituição ocupa no cenário da música erudita de Minas Gerais.
Nelson Salomé, Rogério Bianchi e Paulo Sérgio Malheiros foram conduzidos ao palco para receberem o título de primeiros professores eméritos da Escola de Música da UEMG e em seus discursos de agradecimentos relembraram histórias, desvelaram sentimentos e pronunciaram suas gratidões.
As homenagens foram aprovadas pelo Conselho Departamental da Escola de Música, formada por representantes docentes, discente e dos servidores técnicos administrativos, em sessão realizada no dia 13 de março deste ano.
Além dos três professores homenageados, compuseram a mesa da cerimônia a reitora da UEMG, professora Lavínia Rosa Rodrigues, o pró-reitor de Extensão, professor Moacyr Laterza, o diretor e a vice-diretora da EsMu, respectivamente, Helder Rocha e Gislene Marino, que compartilharam seus pensamentos e análises acerca da data.
"A Escola de Música tem uma história longa, mas muitas transformações ainda virão. Esperamos nos consolidar, fortalecer nosso corpo docente, ampliar nossa atuação diante da comunidade, aprimorar cada vez o cumprimento de nossa missão nas áreas de ensino, pesquisa e extensão". Helder Rocha, diretor da Escola de Música da UEMG |
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"Hoje contamos com uma Escola de Música robusta. Temos 74 professores efetivos, 9 professores convocados, a maioria doutores e mestres, que acolhe 500 estudantes de graduação, pós-graduação e extensão. São mais de 20 grupos musicais que se apresentam regularmente em eventos gratuitos para a comunidade”, Gislene Marino, Vice-diretora da Escola de Música da UEMG |
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"Professores Nelson, Paulo Sérgio e Rogério, suas contribuições transcenderam as salas de aula ecoando em corações e mentes daqueles que tiverem privilégio de ser seus alunos, colegas e amigos. Que esses exemplos de liderança acadêmica e artísticas possam servir de inspiração a todos e todas". Lavínia Rosa Rodrigues, reitora da UEMG |
E como a expertise que se tem deve ser aproveitada, não somente o Hino Nacional foi executado pelos professores Marcelo Pereira e Rodrigo Miranda, como até mesmo o Mestre de Cerimônias foi recrutado junto à comunidade acadêmica: representando os discentes, o estudante de bacharelado em canto erudito Paulo Antônio de Oliveira foi convidado para conduzir a noite de homenagens e exaltou o legado da instituição: “Acho muito importante a gente, como estudante, estar inserido nesse processo de comemoração desse aniversário e da outorga de títulos aos professores, que é uma forma de valorizar o que foi construído antes da gente e nos introduzir àquilo que podemos construir com o pessoal da atualidade”, avalia.
Com o fim da solenidade, em seguida ocorreram duas apresentações: a música “Capão Triste”, de autoria do professor emérito Nelson Salomé, com a performance dos professores Rodrigo Miranda e Marcelo Pereira e, em seguida, uma apresentação especial da Orquestra Sinfônica, que contou em sua composição com professores, estudantes e convidados.
No repertório da noite, obras autorais, de professores da EsMu, e do acervo da Rádio Inconfidência, do qual a Escola é guardiã.
Após isso, a solenidade pode ter se encerrado, mas o auditório se demorou a esvaziar: havia ainda tempo para reencontros, reminiscências, risadas e admirações de tempos idos e porvires, que somente confirmavam o teor do discurso do professor Rogério Bianchi durante a homenagem recebida: “A EsMu é uma família”.
Sobre os homenageados
Nelson Salomé de Oliveira
(Baependi - 1950)
Iniciou os estudos musicais em Belo Horizonte com Elias Salomé, ingressando posteriormente na Fundação Mineira de Arte, atual Uemg.
Estudou piano com Eunice Taveira e disciplinas teóricas com Jupyra D. Barreto e Sérgio Magnani. Ali atuou como professor, exercendo também cargos administrativos. Graduou-se em Composição na Ufmg, sob a orientação de Guerra-Peixe e Oiliam Lanna. Especializou-se em Musicologia Histórica Brasileira sob a coordenação de Carlos Kater. Realizou também nessa área o Mestrado na Uni-Rio, sob a orientação de José Maria Neves, cujo tema da dissertação foi “A Música Contemporânea em Belo Horizonte, na década de 80”.
Em parceria com o prof. Márcio Miranda fez a revisão de 5 peças de Francisco Raposo (1845-1905), editadas e gravadas em CD.
Na FEA frequentou cursos principalmente relacionados à música do séc XX.
Participou como compositor e bandolinista em Ciclos de Música Contemporânea e Encontros Latino-Americanos de Compositores em BH e também em Bienais de Música Contemporânea, no Rio de Janeiro.
Foi premiado no I Concurso de Composição para orquestra (UFMG) e I Concurso Nacional de obras Corais (Federação Mineira de Corais). Classificou-se entre os finalistas do II Festival Nacional do Choro (Museu da Imagem do Som, RJ)
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Rogério Bianchi Brasil Bacharel em Música pela Escola de Música da UFMG e Especialista em Práticas Interpretativas: Música Brasileira pela ESMU/UEMG, foi professor de violão na ESMU/UEMG entre abril de 1990 e agosto de 2023. Como violonista, recebeu o prêmio de Melhor Intérprete de Villa-Lobos no III Concurso Nacional de Violão em Vitória-ES e atuou como solista/camerista em vários eventos. Foi Diretor da ESMU/UEMG por três mandatos (2004-2008, 2012-2016 e 2016-2020), Vice-Diretor (2008-2010) e Diretor Geral do Campus BH/UEMG (2010-2012). Por suas atividades à frente da ESMU/UEMG e por sua atuação na área cultural, foi condecorado, pelo Governo do Estado de Minas Gerais, com a Medalha Santos Dumont (Grau Prata) e com a Medalha de Honra da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG. Atualmente dedica-se a implantação do Espaço de Artes Bianchi, projeto criado com o objetivo de promover eventos artísticos, culturais e pedagógicos. |
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Paulo Sérgio Malheiros dos Santos Doutor e Mestre em Letras (Literatura Com-parada/Música) pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais; Bacharel em Piano pela Universidade Mineira de Arte e Licenciado em Matemática pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Belo Horizonte. Publicou dois livros sobre Mário de Andrade e o Modernismo Brasileiro: Músico, doce músico (2005) pela editora da Universidade Federal de Minas Gerais; e O grão per-fumado (2013), pela editora da PUC/ Minas Gerais. Desde 2003 apresenta semanalmente, pela Rádio Inconfidência de Minas Gerais, o programa Recitais Brasileiros, de uma hora de duração, dedicado à música erudita nacional. De 2003 até 2015, foi responsável pelos artigos sobre música da Revista da Acade-mia Mineira de Letras. Desde 2008 escreve textos para os programas impressos dos concertos da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. De 2006 até 2010, foi curador e coordenador das séries de concertos semanais Quarta Erudita e Escolas em Concerto, do Palácio das Artes, em Belo Horizonte, MG. De 1989 a 2021 foi professor de História da Música e Música de Câmara da Universidade do Estado de Minas Gerais. |