A 12ª edição do Brasil Design Award, ocorrida neste mês de dezembro, premiou três Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) realizados por egressas da Escola de Design da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). A premiação, promovida pela Associação Brasileira de Empresas de Design (ABEDESIGN), é uma das principais da área no país.
Os trabalhos agraciados foram desenvolvidos pelas ex-alunas do curso de Design Gráfico Aline Marchese, orientada pela professora Simone Souza; Júlia Corrêa, orientada pela professora Joana Alves; e Lígia Maciel, orientada pela professora Iara Mol. Cada projeto foi avaliado por júris compostos por profissionais especialistas do design brasileiro e de áreas afins.
Aline Marchese viu o seu TCC, "Donna, uma plataforma para desenvolver mulheres empreendedoras", receber a medalha de bronze na categoria "Design digital - Estudantes de graduação". O projeto, que consiste em uma plataforma digital de aprendizagem, busca auxiliar mulheres empreendedoras desde a concepção de suas ideias até o planejamento dos negócios.
"É percebida a elevada desistência das empreendedoras antes de se tornarem donas de um negócio, muitas vezes, devido à falta de planejamento e apoio ao empreender", diz. "O projeto tem o diferencial de ter sido pensado, especificamente, para mulheres e abrange tanto o público que já empreende quanto o que deseja empreender. O objeto de estudo da pesquisa foram mulheres da classe C, que empreendem por necessidade e não têm conhecimento em nível de empreendedorismo", explica Aline.
Sua orientadora, a professora Simone Souza, acredita que o reconhecimento ao trabalho realizado reforça a qualidade do ensino da Escola de Design da UEMG e destaca o crescimento de sua ex-orientanda enquanto profissional. "Não há gratificação maior do que acompanhar a evolução dos alunos ao longo de todo o curso e, ao final, receber um reconhecimento nacional como esse. Isso prova que o ensino transforma e que todo o empenho vale a pena", diz.
"Os bruzundangas", clássico do escritor e intelectual negro Lima Barreto, publicado em 1922, ganhou um novo projeto editorial com o trabalho de Júlia Corrêa, em comemoração ao centenário da obra. O livro, que satiriza a vida brasileira nos primórdios da Primeira República, recebeu um projeto gráfico que também menciona o Brasil de uma forma crítica e indireta, através das cores, das formas da bandeira e demais elementos visuais.
"Decidi fazer essa reedição, principalmente, por ser tão atual tudo que ele descreve, apesar dos 100 anos. A principal característica do projeto é esta: fazer um espelho entre os contextos de 1922 e 2022", afirma Júlia. Seu TCC foi premiado com medalha de bronze na categoria "Design gráfico - Estudantes de graduação".
Mais um trabalho agraciado, "A Lenda do Guaraná" é um editorial ilustrado sobre a estória de origem do povo indígena Sateré-Mawé, elaborado por Lígia Maciel. O trabalho se ancora no texto texto da obra "Sehaypóri: O livro sagrado do povo Saterê-Mawé", do autor indígena Yaguarê Yamã, e se debruça na relação entre o povo que habita a região dos rios Andirá e Marau, no Amazonas, e o guaraná; eles são chamados de “filhos do guaraná”, devido às suas técnicas de cultivo da fruta.
Finalizado em 2022, o trabalho foi premiado com medalha de prata na categoria "Design editorial - Estudantes de graduação". Segundo Lígia, ele foi desenvolvido sob a perspectiva de valorização do povo Saterê-Mawé, tal como de suas culturas e de sua relação com a terra, considerando o cultivo e a preservação.
"Primeiro, fiz a pesquisa e coleta de dados, na qual eu busquei me aprofundar sobre a cultura do povo Saterê, seus ritos, costumes, crenças, cultivo e organização social. Depois, fiz o estudo, seleção e recorte de textos sobre a lenda. A Lenda do Guaraná possui diferentes versões e adaptações. Selecionei a versão do autor Yaguarê Yamã, que traz a lenda de forma mais detalhada e com um bom fluxo narrativo", conta.
A professora Iara Mol, que orientou o trabalho, afirma que é um motivo de grande orgulho ver os alunos da UEMG serem reconhecidos e destaca a trajetória da estudante. "Pude acompanhar a aluna Lígia ao longo do semestre de finalização do curso, um momento de muitos questionamentos e angústias, mas também de alegrias e realizações. É bonito ver um trabalho que foi feito com tanto cuidado, dedicação e diligência ser reconhecido no Brasil Design Award, atualmente o prêmio brasileiro mais reconhecido e respeitado da área", salienta.
A 12ª edição do Brasil Design Award premiou trabalhos em 11 categorias e 94 subcategorias. Aberto a estudantes e profissionais da área do design, o evento contou com 1.670 projetos inscritos, oriundos de 22 estados do Brasil.
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Elias Fernandes - ASCOM/UEMG