A Unidade Acadêmica da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) em Ituiutaba se tornou a guardiã de um tesouro paleontológico: ovos fossilizados de crocodilomorfos, um grupo de répteis que viveu no período Cretáceo, há cerca de 80 milhões de anos. Os fósseis foram descobertos em Monte Alegre de Minas, região do Triângulo Mineiro, durante as obras de duplicação da BR-365, realizadas pela Ecovias do Cerrado, e doados à UEMG em uma cerimônia realizada na segunda-feira (22/5).
O ninho foi encontrado imerso em rochas sedimentares conhecidas como arenitos, que estão associadas à formação geológica chamada Vale do Rio do Peixe. De acordo com especialistas, esse achado é relevante, pois indica que há 80 milhões de anos a região possuía um ambiente completamente diferente do cerrado que conhecemos hoje. Segundo o paleontólogo Pedro Victor Buck, coordenador do Laboratório de Paleontologia da UEMG Ituiutaba, os fósseis serão analisados para determinar a espécie exata dos crocodilomorfos e entender seu comportamento reprodutivo e seu processo de fossilização.
Paulo Macedo, paleontólogo contratado pela empresa responsável pela obra, explicou que os ovos foram encontrados usando uma máquina de escavação. “Quando ela faz uma escavação, ela quase destrói tudo o que está no talude. E por sorte, a concha puxou o material, paramos o serviço e, após o almoço, fui dar uma olhada nos rejeitos. Foi quando encontrei essa ninhada de ovos, foi sorte."
Os pesquisadores acreditam que os fósseis têm cerca de 80 milhões de anos e foram encontrados em outubro do ano passado. No entanto, somente agora foram encaminhados para a Universidade do Estado de Minas Gerais, em Ituiutaba, onde serão estudados.
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Pedro Victor Buck, coordenador do Laboratório de Paleontologia da UEMG Ituiutaba, explicou que os fósseis vão passar por algumas etapas para estudos mais detalhados: "Será feita uma descrição do material, incluindo as medições de comprimento e largura, além de identificar o estado de preservação dos ovos. Também observaremos quantos ovos foram encontrados, quais estão mais inteiros e quais estão fragmentados ou pintados. Essa será a primeira descrição."
A espécie exata dos ovos será determinada após o estudo da ninhada pelos pesquisadores da universidade. Embora acreditem que sejam ovos de um crocodilo terrestre semelhante ao encontrado na região, eles não descartam a possibilidade de serem ovos de dinossauro. Buck explica que é possível distinguir as estruturas de casca dos crocodilos terrestres e dos dinossauros por meio de análises microscópicas.
Uma característica notável que chamou a atenção dos especialistas da equipe é o notável estado de preservação dos ovos, considerando que possuem cascas extremamente finas, com menos de 1 milímetro de espessura, conforme divulgado pela empresa responsável.
Paulo Macedo, que já encontrou centenas de outros fósseis, considera essa descoberta como algo único: "Pense bem, se você está com uma ninhada de ovos, qualquer pressão pode quebrá-los e conseguir encontrar algo assim é inédito."
A cerimônia de entrega dos fósseis contou com a presença de autoridades da UEMG, da Ecovias do Cerrado e de representantes do Museu Antropológico de Ituiutaba e do Conselho Municipal de Patrimônio Cultural. Após os discursos, Paulo Macedo e Pedro Victor Buck assinaram a Carta de Recebimento de Fósseis, oficializando a UEMG como detentora desse valioso material histórico e científico.
O Laboratório de Paleontologia da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) Unidade de Ituiutaba é um espaço destinado à pesquisa e ao ensino na área de paleontologia. O laboratório tem como objetivo principal a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de projetos na área, além de oferecer suporte técnico para a comunidade acadêmica e para a sociedade em geral. O laboratório também é responsável pela guarda e conservação do acervo paleontológico da UEMG.
Com informações de: Heloir C. Schwaickardt
Imagens: Divulgação EcoVias do Cerrado