Quando o universo do ensino se articula em atividades para o bem da comunidade, a Academia se aproxima mais do cumprimento de sua missão. E um desses espaços privilegiados ocorre com a realização das operações do Projeto Rondon.
No mês de janeiro, três equipes interdisciplinares formadas por professores e estudantes da UEMG das Unidades de Divinópolis e Ituiutaba se reuniram para atuar na Operação Onça Cabocla do Projeto Rondon, que assistiu os municípios de Glaucilândia, Itacambira e Olhos D´Água, na região norte do estado de Minas Gerais.
Durante 14 dias, com recursos provenientes da Universidade e apoio das prefeituras municipais, as equipes atuaram na capacitação de agentes multiplicadores para desenvolvimento de ações, projetos e atividades que promovessem soluções ou mitigação de demandas locais no âmbito de direitos humanos e justiça, educação, saúde, meio ambiente, entre outras áreas.
E se essa experiência já aproxima a Universidade da comunidade, é na relação do futuro profissional com as pessoas comuns que essa atuação atinge seu ápice. Das duas semanas de viagens e agenda cheia de atividades, os estudantes participantes ressaltam a gratidão e receptividade das comunidades às abordagens.
Os estudantes José Wedson, que cursa direito na UEMG Ituiutaba, e Ana Flávia, que cursa Engenharia Civil na UEMG Divinópolis, são unânimes na escolha da experiência mais marcante. “Entre os locais em que estivemos, o que mais me marcou foi um assentamento que visitamos, em que conhecemos famílias que não tinham sequer água para o consumo no final de semana”, conta José Wedson.
Ana Flávia corrobora a visão do colega. “Me doeu muito ver as condições de vida, trabalho e saúde do lugar; e pensar que milhares de pessoas vivem nessas condições é de quebrar o coração. Acredito que esse choque de realidade mudou coisas dentro de mim, me fazendo olhar para a vida com mais carinho”.
A possibilidade de acolher, conhecer e ouvir experiências de vida totalmente distintas com a possibilidade de propagar a expertise da área de sua formação para as pessoas que mais necessitam revelam os desfechos mais valiosos. “Conversamos com eles sobre direitos, mostramos, por exemplo, os passos para solicitação de aposentadoria e criação de cooperativas”, recorda José Wedson. “Em uma das oficinas ensinei a fazer tijolo de adobe e uma moça que mora numa casa toda de fibrocimento ficou muito grata e super animada pra começar a construir a própria casa com a técnica, o que me emocionou muito”, revela Ana Flávia.
Os relatos dos estudantes encontram ressonância nas palavras da coordenadora do Projeto Rondon UEMG, a professora Larissa Romanello, da Unidade Ituiutaba. Docente dos cursos de Biologia e Educação Física da Unidade, ela completa o quarto ano de coordenação da participação da Universidade no Projeto. Neste ano foi responsável pela coordenação simultânea de três equipes interdisciplinares, formadas, cada uma, por dois professores e oito estudantes, que atuaram nos municípios de Glaucilândia, Itacambira e Olhos D´Água, na região norte de Minas Gerais.
Ela defende a participação da Universidade na iniciativa como a reafirmação do compromisso e responsabilidade social da instituição à sociedade. “O Projeto Rondon é o maior projeto de extensão universitária do país”, reflete. “Os estudantes e professores universitários fortalecem o exercício da cidadania e reflexão sobre suas responsabilidades como cidadãos-transformadores e futuros profissionais, sejam elas no âmbito cultural, social, pessoal, ambiental e especialmente humano”, complementa.
A Operação Onça Cabocla do Projeto Rondon, realizada em janeiro de 2024, assistiu um total de 12 municípios da Região Norte de Minas, cada um deles recebendo duas equipes de dez membros de duas IES diferentes. Uma equipe é responsável pelas ações de cultura, direitos humanos e justiça, educação, saúde e a outra, por ações de meio ambiente, produção, tecnologia, trabalho e comunicação. No total, foram 240 rondonistas alocados nos municípios, além de outros dez itinerantes, responsáveis pela cobertura jornalística neles.
Como participar
Promovido pelo Governo Federal, por meio de seu Ministério da Defesa em parceria interministerial e com atores das várias esferas do Poder Público, o Projeto Rondon tem por objetivo integrar o estudante universitário brasileiro ao processo de desenvolvimento nacional, estimulando a produção de projetos coletivos locais, em parceria com as comunidades assistidas.
Como as operações são realizadas em janeiro e julho de cada ano, durante o período das férias escolares, são lançados nos meses de março e agosto os editais para adesão das IES constando, entre outras informações os locais, período e as ações a serem realizadas.
As IES então encaminham suas propostas, que, sendo selecionadas, dão início às tratativas para participação. No âmbito da UEMG, a seleção dos estudantes participantes é realizada por seleção em editais, seguidas por dinâmicas em grupo e entrevistas.
Os estudantes interessados podem acompanhar as novidades do Projeto pelo perfil @rondonuemg.