Publicado nesta quarta-feira (14/8), o sétimo episódio do Saber em Movimento aborda uma pesquisa desenvolvida na unidade acadêmica de Ibirité da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). Em pauta, o ensino de biologia nas escolas de Minas Gerais, após a reforma do ensino médio.
O podcast de ciência da UEMG recebeu o professor Rodrigo Borba, que tem se debruçado sobre o assunto. O pesquisador tem apontado para o risco de apagamento da disciplina nos currículos escolares, devido à emergência de outras disciplinas, muitas vezes generalistas.
"Você tem dois tempos de biologia no primeiro ano do ensino médio, um tempo no segundo e um tempo no terceiro. Houve uma redução da carga horária altíssima. Então, assim, cortaram metade da biologia no segundo e no terceiro ano e a substituíram por outras disciplinas, algumas com alguma afinidade com a biologia, em que o professor consegue fazer uma transposição, e outras que não têm nada a ver", afirma.
O novo ensino médio é uma realidade no Brasil desde 2022, quando começou a ser implementado nas escolas públicas e privadas. As discussões em torno de sua reformulação vêm há mais tempo, em especial a partir da década de 2010, com destaque à aprovação da Lei 13.415, conhecida como a Lei da Reforma do Ensino Médio, em 2017.
O professor Rodrigo Borba (foto: arquivo pessoal)
Com a redução da carga horária, discussões importantes acabam sendo relegadas ao esquecimento, como sobre negacionismo científico, gênero e sexualidade. Ao Saber em Movimento, o professor enfatizou a necessidade de os professores atuarem como "sujeitos intelectuais transformadores", defendendo a autonomia docente em contraposição à rigidez dos currículos.
Líder do Lince (Laboratório de Investigações em Narrativas, Currículos e Educação), Borba se interessa por investigações sócio-históricas sobre os currículos de ciências e biologia, políticas educacionais, formação de professores e profissão docente. O pesquisador afirma que busca abraçar a escola, assim como foi abraçado por ela, como aluno e como professor.
"Escolhi investir na minha formação como pesquisador educacional, porque queria ser mais do que um biólogo dando aula de biologia. Para mim, existe uma diferença, inclusive identitária, entre o professor de biologia e o biólogo licenciado que dá aulas", diz.
O Saber em Movimento apresenta projetos de pesquisa a partir de uma linguagem democrática e acessível, com atenção especial às suas amplitudes práticas, assim como aos seus resultados e desdobramentos. O podcast está disponível no Spotify, Deezer, Amazon Music e Apple Podcasts.
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