Propostas de sete unidades acadêmicas da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) foram aprovadas na Chamada 4/2023 da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). A iniciativa tem, como objetivo, apoiar a criação de centros de pesquisa e de instalações multiusuárias e multi-institucionais, assim como auxiliar a manutenção da infraestrutura científica da instituição.
Foram contempladas propostas das unidades Campanha, Divinópolis, Escola Guignard, Escola de Música, Ibirité, Ituiutaba e Passos. Ao todo, R$ 5,9 milhões vão ser investidos pela Fapemig à UEMG.
"A aprovação dos projetos dos e das docentes permitirá a aquisição de equipamentos de alta complexidade, possibilitando a realização de pesquisas científicas e tecnológicas avançadas e inovadoras", afirma a pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação da UEMG, professora Vanesca Korasaki. "Em última análise, as pesquisas têm impacto positivo na sociedade, na economia local e nacional, destacando-se pela relevância da prestação de serviços à comunidade", diz.
A Chamada 4/2023 foi criada para atender a UEMG e a Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Projetos relacionados a equipamentos de pequeno, médio e grande portes foram aprovados pela Fapemig.
Conheça, abaixo, as propostas aprovadas da UEMG.
Sistema Multiusuário do Centro de Memória Cultural do Sul de Minas - Unidade Campanha
O Centro de Memória Cultural do Sul de Minas (Cemec) vai se transformar em um espaço multiusuário, compartilhado por diferentes grupos de pesquisa, prefeituras, espaços culturais, empresas e a comunidade em geral. A proposta, coordenada pelo professor Márcio Eurélio de Carvalho, vai receber o investimento de R$ 491 mil.
A ideia é que o projeto aproxime o acervo documental à sociedade, fortalecendo os laços de memória que ligam os sujeitos históricos à suas histórias. Além disso, o projeto se dedica à preservação do acervo, assim como à restauração de documentos deteriorados, à digitalização de parte do acervo e à criação de um banco de dados que permita o acesso digital, assim como à criação de um setor de história oral e imagens.
Desse modo, é esperada a ampliação do desenvolvimento de pesquisas e de práticas de ensino-aprendizagem e extensionistas no Cemec.
Centro Multiusuário de Pesquisa em Aptidão Física Relacionada à Saúde - Unidade Divinópolis
Quatro propostas da unidade acadêmica de Divinópolis foram aprovadas na Chamada 4/2023 da Fapemig. Uma delas é a criação do Centro Multiusuário de Pesquisa em Aptidão Física Relacionada à Saúde, que tem, como objetivo, permitir a realização de atividades de prevenção de doenças e promoção de saúde.
A unidade de Divinópolis já possui, hoje, o Laboratório de Pesquisa em Metabolismo, Fisiologia e Exercício Físico. Com o aporte de R$ 337 mil, o espaço será incorporado ao Centro Multiusuário de Pesquisa, e novos equipamentos vão ser adquiridos, voltados à avaliação e prática de exercícios físicos da população. Além disso, bolsas vão ser disponibilizadas a pesquisadores.
Para a professora Camila Brandão, que coordena o projeto, o novo espaço vai contribuir para que novos estudos sobre doenças metabólicas sejam desenvolvidos, já que o conhecimento sobre o assunto ainda é limitado. Ainda segundo a docente, o laboratório será capaz de estreitar os laços entre a universidade e comunidade no geral.
"Os participantes dos projetos serão avaliados quanto ao aspecto clínico de saúde e ao desempenho físico, vão receber laudos com resultados devidamente classificados e orientações sobre promoção de saúde, prevenção de doenças e prática de exercício físico", diz. "A partir disso, pretendemos relacionar a tríade ensino, pesquisa e extensao, com o intuito de expandir o conhecimento obtendo benefícios para ambos os lados, acadêmico e sociedade", afirma a pesquisadora.
Error
Y-eté: Centro de Pesquisa em Ecossistemas Aquáticos - Unidade Divinópolis
Outra proposta aprovada pela Fapemig visa a criação do Y-eté: Centro de Pesquisa em Ecossistemas Aquáticos. O novo espaço, que receberá R$ 573 mil de financiamento, vai atuar no desenvolvimento de ações para o monitoramento, avaliação e recuperação de recursos hídricos, no Centro-Oeste de Minas Gerais.
De acordo com a coordenadora do projeto, professora Ludmila Brighenti, o centro de pesquisa vai contribuir com projetos de pesquisa de instituições de ciência da área ambiental, a partir da realização de análises de qualidade de água. Os estudos vão permitir, sobretudo, a avaliação da segurança hídrica da população.
"Espera-se que os estudos e pesquisas que serão beneficiados pelo centro multiusuário possibilitem embasar políticas públicas para o controle de atividades potencialmente poluidoras e definição de ferramentas de diagnóstico e monitoramento dos ecossistemas aquáticos do Centro-Oeste mineiro, apoiando a gestão dos recursos hídricos na implementação de instrumentos de gestão eficientes. Além disso, espera-se contribuir para o desenvolvimento de biotecnologias para mitigar o impacto ambiental causado pela urbanização e descarte de medicamentos e pesticidas", explica a professora.
Centro de Pesquisa em Planejamento, Prescrição e Controle do Treinamento Físico - Unidade Divinópolis
A unidade acadêmica de Divinópolis também vai ter um espaço com equipamentos de musculação, com diversas características mecânicas, e instrumentos para avaliação das adaptações que decorrem do treinamento físico. Trata-se do Centro de Pesquisa em Planejamento, Prescrição e Controle do Treinamento Físico, que vai contribuiur para estudos sobre o tratamento e a prevenção de doenças crônicas não transmissíveis.
Como aporte de R$ 601 mil, o projeto visa a melhoria da qualidade de vida das pessoas e a redução dos custos associados a doenças como a obesidade. A proposta tem ainda o interesse de reunir diferentes campos de pesquisa, com o objetivo de desfragmentar a construção do conhecimento.
"O espaço terá caráter interdisciplinar, envolvendo pesquisadores de diferentes áreas que irão compartilhar conceitos, procedimentos metodológicos e dados coletados em pesquisas realizadas", afirma o professor Lucas Túlio de Lacerda, coordenador da proposta.
Os equipamentos que serão utilizados são de baixo custo e apresnetam diferentes carcterísticas mecânicas. Eles vão permitir a análise de diferentes parâmetros mecânicos, como força, torque, aceleraçao, portência e impulso, entre outros.
Centro de Pesquisa em Fisiologia do Exercício e do Esporte - Unidade Divinópolis
A quarta proposta aprovada da unidade acadêmica de Divinópolis visa a criação do Centro de Pesquisa em Fisiologia do Exercício e do Esporte, um espaço multiusuário que busca investigar as respostas do corpo em relação ao treinamento físico, nas condições de saúde e doença. Coordenado pelo professor Lucas Rios Drummond, o projeto vai permitir a realização de pesquisas translacionais, utilizando os modelos humano e animal.
"A pesquisa translacional envolve a translação do conhecimento, no qual o foco da investigação científica, na área da saúde, adquire um fluxo de informação bidirecional entre as pesquisas básica e clínica. Isso resulta em uma aplicabilidade real do conhecimento e de novas tecnologias, proporcionando benefícios diretos aos principais interessados neste processo: a população", explica o pesquisador.
Com equipamentos modernos, compatíveis com o desenvolvimento de ténicas de biologia molecular, o centro vai envolver pesquisadores de diferentes áreas e instituições, que vão compartilhar conceitos, procedimentos metodológicos e dados coletados em suas pesquisas. O aporte da Fapemig será de quase R$ 2,2 milhões.
Laboratório de Observação de Movimento e Música - Escola de Música
A Chamada 4/2023 da Fapemig também vai permitir a criação do Laboratório de Observação de Movimento e Música, na Escola de Música. Também um espaço multiusuário, o laboratório vai permitir o estudo do movimento e da performane artística no contexto de arte e cultura, em colaboração com a Escola de Dança da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Equipamentos para quatro eixos de atividades vão ser adquiridos: captura de movimento, captura de movimentação do globo ocular, mídia imersiva e multimídia. Com o financiamento, em torno de R$ 486 mil, também será possível a realização de ações de formação e colaboração entre pesquisadores e projetos.
"Do ponto de vista da área de pesquisa, ela me permite situar o laboratório como, provavelmente, o maior laboratório de pesquisa em movimento e arte da América do Sul, o que potencializa o meu histórico de trabalho na área. Em conjunto com meus colegas do grupo Corpuslab e o doutorado recém aprovado no PPGArtes, acredito que possamos ganhar um protagonismo importante no Sul global", afirma o professor Luiz Alberto Naveda, coordenador do projeto.
Laboratório Opcevê - Escola Guignard
A Escola Guignard vai receber o Laboratório Opcevê, espaço colaborativo para pesquisa e criação de materiais educativos e metodologias ativas de ensino-aprendizagem. Sob a coordenação da professora Rachel Vianna, o projeto também envolve as professoras Débora Mariz e Juliana Branco, da Faculdade de Educação, e o professor Alexandre Nascimento, da unidade Ibirité.
O laboratório, que vai receber investimento de R$ 501 mil, reunirá profissionais de diversas universidades, escolas, museus e outras instituições. A ideia é promover a reflexão e o engajamento em torno dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), por meio da experiência e da apreciação de obras de artes visuais.
"Parte-se do princípio de que a arte pode ser um caminho para uma educação transformadora, capaz de combinar razão e sensibilidade, ética e estética", afirma a professora Rachel. O projeto, dividido em três etapas, vai oferecer, de forma gratuita e em formato digital, materiais a educadores que desejem contemplar os ODS em suas práticas pedagógicas.
Informatização do acervo do Herbário IBIUEMG - Unidade Ibirité
O Herbário IBIUEMG, localizado na unidade acadêmica de Ibirité, também foi contemplado pela Chamada 4/2023, da Fapemig. A proposta aprovada, sob a coordenação da professora Maria José da Rocha, visa a informatização do acervo de exsicatas do espaço, de modo a garantir o acesso multiusuário livre ao local, por meio de imagens em alta resolução de espécimes da flora brasileira.
Com investimento de cerca de R$ 63 mil, o espaço será capaz de manter uma coleção científica com todos os exemplares botânicos resultantes das pesquisas desenvolvidas nas diferentes unidades da UEMG e de outras instituições do Brasil e do mundo. Assim, a ideia é que haja um maior apoio a projetos de pesquisa, extensão e de ensino, desenvolvidos tanto pela UEMG quanto por escolas públicas de Ibirité.
"Os resultados decorrentes dessa proposta poderão beneficiar a comunidade por meio das ações de extensão, envolvendo alunos de instituições públicas de ensino do estado, incluindo a formação continuada de professores. Além disso, o treinamento e a formação de pessoal para atuar na área de gestão de coleções, taxonomia e sistemática vão permitir acesso ao mercado de trabalho", afirma a professora Maria José.
Reestruturação do Laboratório Multiusuário de Produção e Tecnologia Vegetal - Unidade Ituiutaba
A unidade acadêmica de Ituiutaba, por sua vez, terá o seu Laboratório Multiusuário de Produção e Tecnologia Vegetal reestruturado. A proposta, coordenada pela professora Thais Sousa, junto ao Grupo de Estudo e Pesquisa em Fitotecnia (GEF), vai receber R$ 74,5 mil de investimento.
Com os valores, será possível adquirir materiais permanentes básicos que viabilizem o início das atividades de pesquisa no espaço, assim como materiais de consumo que permitam o desenvolvimento de projetos de pesquisa. Estudos relacionados à produção vegetal, com foco na racionalidade e na sustentabilidade da produção agrícola e florestal, vão ser desenvolvidos no laboratório.
Além disso, é esperado que a estruturação do local proporcione à UEMG a realização de novas parceiras, internas e externas. Instituições que, hoje, já são parceiras também vão ser beneficiadas, como as universidades federais de Lavras (UFLA), Uberlândia (UFU), Viçosa (UFV) e Rural da Amazônia (UFRA), o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais (IFMG), bem como produtores rurais de Ituiutaba e região.
Centro de Tecnologia para Saúde - Unidade Passos
A unidade acadêmica de Passos da UEMG vai receber o Centro de Tecnologia para Saúde, projeto que busca realizar o diagnóstico da sarcopenia. Trata-se de uma condição músculo-esquelética que se caracteriza pela baixa massa muscular, pela força reduzida e pela pouca qualidade da musculatura, o que compromete o desempenho físico de uma pessoa.
O aporte ao projeto será de R$ 581 mil, além de bolsas tecnológicas que vão ser oferecidas a pesquisadores. Os valores vão permitir a compra de modernos equipamentos ópticos, elétricos e mecânicos, que vão ser somados a equipamentos já adquiridos pela unidade acadêmica, também através do financiamento da Fapemig.
Segundo a professora à frente da proposta, Fernanda Paolillo, o projeto vai permitir à unidade avanços em ensino, pesquisa e extensão. "Com a criação do Centro de Tecnologia, os modernos equipamentos poderão contribuir para prevenir ou solucionar problemas de saúde que afetam a coletividade, impactando positivamente na saúde, qualidade de vida e bem-estar da população".
Atletas, trabalhadores, crianças, adultos e idosos vão ser usuários do Centro de Tecnologia para Saúde. O espaço será útil também para o estudo de diversas patologias.
Laboratório Multiusuário para Avaliação Farmacológica e Toxicológica de Substâncias Naturais e Sintéticas - Unidade Passos
A unidade de Passos teve uma segunda proposta aprovada. Trata-se da criação do Laboratório Multiusuário para Avaliação Farmacológica e Toxicológica de Substâncias Naturais e Sintéticas, que pretende utilizar o modelo animal alternativo Caenorhabditis elegans.
"Esse é um verme microscópico, de apenas um milímetro, porém muito parecido, geneticamente, com os humanos. Ele possui características únicas, que facilitam os estudos de mecanismos de ação de substâncias e diminuem o custo e o tempo gasto em análises", explica a pesquisadora. "Pesquisas que utilizam esse verme incluem aquelas relacionadas às disfunções do metabolismo, ao câncer, ao envelhecimento, e às doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson", diz a coordenadora do projeto.
Professores de diferentes instituições de Minas Gerais colaboram com a proposta. O objetivo do laboratório é avaliar diferentes substâncias naturais e sintéticas e, assim, descobrir aquelas que podem ser transformadas em produtos comerciais, especialmente medicamentos para doenças ainda sem cura ou tratamento adequado. O aporte será de R$ 76,8 mil.
Elias Fernandes - Ascom/UEMG