Com dados de aproximadamente 100 mil árvores, de mais 1.100 espécies diferentes, coletados durante 30 anos (1987 a 2020), pesquisa divulgada na última sexta-feira (18/12), na revista científica Science Advances, indica que desde as florestas mais úmidas no sul de Minas, como Bocaina de Minas, Itamonte e Ibitipoca, até as mais secas, ao Norte, incluindo Monte Rei e o Peruaçu, estão desaparecendo. O estudo aponta também que, com a morte das árvores, as paisagens analisadas estão perdendo a capacidade de remover carbono da atmosfera.
Como explica a professora Nathalle Fagundes (foto), da UEMG Unidade Ituiutaba, que participa com professores do Instituto Federal Goiano e do IFSuldeMinas do trabalho, que é realizado pelo Laboratório de Fitogeografia e Ecologia Evolutiva, da Universidade Federal de Lavras, sob a coordenação do professor Rubens Manoel dos Santos, as florestas desempenham um importante papel no ciclo do carbono, e através da fotossíntese, removem grande quantidade do carbono presente na atmosfera.
“As diversas atividades humanas tem causado uma sobrecarga de carbono na atmosfera, e as árvores realizam o serviço ecossistêmico de retirar e armazenar grande quantidade desse carbono anualmente. Porém, quando as árvores morrem e passam pelo processo de decomposição, este carbono volta para a atmosfera, o que ocorre naturalmente de forma lenta, pois as árvores chegam a viver 100 anos. Dessa forma, existe um balanço positivo: as árvores sequestram mais carbono da atmosfera e armazenam, do que emitem”, desenvolve Nathalle.
O principal resultado do artigo é que, após 2013, as árvores começaram a morrer mais rapidamente, negativando o balanço do carbono nas florestas, uma vez que as árvores têm emitido mais carbono pela decomposição do que assimilado via fotossíntese. Esse balanço negativo pode contribuir com o aquecimento global, interferindo no meio ambiente, na qualidade de vida humana e na economia, caso a situação não seja revertida.
Intitulado The carbon sink of tropical seasonal forests in southeastern Brazil can be under threat (em português, “O sumidouro de carbono das florestas do sudeste brasileiro pode estar em perigo”), o estudo contou, ainda, ao longo dos anos, com a parceria de financiadores como a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).
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