Em meio à natureza, entre classes e famílias de organismos vivos, desde vírus até animais, existem as lectinas. Esse nome incomum no cotidiano, mas muito presente na ciência, são proteínas com capacidade de reconhecer carboidratos de forma específica. E são as lectinas o objeto de estudo do projeto coordenado pela professora Christiane Duarte, o trabalho conta com investimento de R$ 7.069.741,60 e foi disponibilizado a partir do Convênio de Cooperação Técnica e Financeira n. 145/2021, publicado em 28/12/2021, no Diário Oficial de Minas Gerais.
O objetivo principal da pesquisa busca identificar novas lectinas de plantas e caracterizar as atividades biológicas desta classe de proteínas. O processo de reconhecimento de carboidratos executado pelas lectinas é considerado um evento chave em outros processos biológicos, como a fertilização, desenvolvimento embrionário, defesa imune, migração celular, dentre outros.
“A proposta aprovada pretende desvendar os mais diferentes efeitos relacionados a essa classe de proteínas, com foco especial em uma nova lectina isolada a partir de couve-flor, denominada BOL”, explica a coordenadora Christiane sobre o projeto que será executado a partir de cinco fases. Na primeira fase acontece o isolamento e caracterização das lectinas vegetais, além disso, também será realizada a produção recombinante de lectinas de interesse em sistema de expressão microbiano.
Na segunda etapa será realizada a avaliação dos efeitos da lectina sobre os vasos sanguíneos e sobre a fisiologia de neutrófilos (migração celular, aumento de fagocitose e produção de mediadores inflamatórios). “Na fase três, serão avaliadas a atividade mitogênica, antimicrobiana e antitumoral das lectinas produzidas na fase um, a partir de experimentos que envolvem o cultivo de células tumorais e de microrganismos”, comenta Duarte.
A quarta etapa acontece com o objetivo de identificar os ligantes que são reconhecidos pelas lectinas na superfície de células imunes e células tumorais. “Por fim, na etapa cinco, o objetivo será elucidar a via de sinalização mediada pela lectina BOL em plantas e que integra respostas adaptativas a múltiplos sinais de estresse”, complementa a coordenadora.
Relevância Social
A partir da pesquisa desenvolvida no projeto, é possível identificar vários fatores de relevância para a comunidade, entre eles o fornecimento de infraestrutura para a realização de outras pesquisas desenvolvidas por docentes e discentes da Unidade Passos, abrindo possibilidade para o desenvolvimento de novas linhas de pesquisa na instituição, como glicobiologia e sinalização celular, inflamação e cultura celular a partir da criação do Complexo de Laboratórios de Investigação Biológica.
Destaque também para o potencial da pesquisa na área de biotecnologia. “Outro aspecto relevante, é o fato de que a pesquisa relacionada ao isolamento e caracterização de lectinas de plantas tem grande potencial biotecnológico. O projeto de pesquisa proposto tem como foco uma linha de investigação tipicamente básica, porém cujos objetivos imediatos estão acoplados a objetivos aplicados em longo prazo. Por exemplo, através do desenvolvimento de produtos biotecnológicos e fármacos, que poderão ser utilizados em terapia antitumoral, e como agonistas da resposta imune a tumores e processos infecciosos. Explicar os mecanismos básicos subjacentes à ação das lectinas é etapa crucial e indispensável neste contexto”, explica Christiane.
A equipe completa do projeto é composta pela Coordenadora Profa. Dra. Christiane Eliza Motta Duarte, e os docentes da Unidade Passos Prof. Caio Roberto Soares Bragança, PhD, Profa. Dra. Camila Belfort Piantino Faria, Profa. Dra. Camila Linhares Taxini, Prof. Dr. Gabriel Tavares Do Vale, Profa. Dra. Marita Vedovelli Cardozo, Profa. Dra. Renata Dellalibera-Joviliano, Profa. Dra. Simone Regina Potje. A pesquisa ainda conta com colaboradores externos, a Profa. Dra. Elizabeth Pacheco Batista Fontes (UFV/Viçosa), Prof. Dr. Leandro Licursi de Oliveira (UFV/Viçosa), Profa. Josefa Muñoz Alamillo, PhD (UCO/Espanha).