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    Centro Acadêmico do curso de História promove evento de lançamento do livro “Feminismos” de Amelinha Teles

    Thatiany Santos Araújo – Estagiária Redação Agência Escola

    O evento de lançamento do livro “Feminismos, ações e histórias de mulheres”, da escritora e ativista Amelinha Teles, ocorreu no dia seis de junho, no Auditório 1 do Bloco Principal da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) - Unidade Passos. Em conjunto com a Prof.ª Dra. Janaína Teles, efetiva da UEMG - Passos, o Centro Acadêmico de História Dandara dos Palmares (C.A.H.D.P) organizou essa atividade para “promover uma discussão com os alunos e demais pessoas presentes sobre o feminismo e as ações de mulheres na História, além de compartilhar vivências e experiências reais”, Shadia Jabur, presidente do C.A.H.D.P.

    Em média, 60 pessoas estavam presentes no lançamento, que foi direcionado aos estudantes da universidade e também a toda comunidade interessada, mas obteve maior presença de discentes do curso de História. De acordo com Jabur, “O Centro Acadêmico de História tem se esforçado bastante para retomar esse tipo de evento e engajar os alunos a participarem. Com bastante esforço e iniciativas, temos conseguido, aos poucos, incentivar os discentes”. Ela também aponta que eventos desse tipo são essenciais para a comunidade acadêmica, uma vez que proporcionam um espaço para o diálogo e compartilhamento de relatos e experiências reais, o que possibilita a aquisição de diversas formas de conhecimento.

    A Prof.ª Michelle Aparecida Pereira Lopes (Coordenadora de Pesquisa da UEMG - Passos), que atuou como mediadora da discussão, também ressalta a importância desse tipo de atividade que, segundo ela, “enriquece toda comunidade que, ao estar presente no lançamento da obra, pôde dialogar com a autora sobre o tema e relacioná-lo a outras questões com as quais ele dialoga”.

    Todo o debate foi pautado no lançamento do livro de Amelinha, que conta a história do feminismo e de mulheres da geração atual em uma linguagem acessível. Além disso, a obra aborda alguns fundamentos teóricos dos feminismos, a trajetória de mobilização dos direitos das mulheres pelos movimentos sociais de base e as conquistas que estão presentes até hoje. A professora da UEMG - Passos, Janaína Teles, declara que "debater as diversas abordagens sobre o feminismo é de extrema relevância, na medida que pode esclarecer o que significa reivindicar igualdade política e social entre homens e mulheres na atualidade”. 

    Janaína reitera que esse tema está relacionado às profundas transformações que a sociedade brasileira sofreu e está sofrendo nas últimas décadas e que “o feminismo cumpriu um papel central na resistência à ditadura militar e no processo de redemocratização do país”. Nesse sentido, Amelinha Teles reúne experiência e conhecimento para debater esses dois eixos, ao lado da abordagem interseccional do feminismo.

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    Amelinha Teles é jornalista, escritora, militante feminista e pelos direitos humanos e já integrou a resistência à ditadura.

    Maria Amélia de Almeida Teles nasceu no dia seis de outubro de 1944 em Contagem (MG). Sua militância política começou nos anos de 1960 quando, ainda muito jovem, filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) por influência de seu pai. Junto de Criméia, sua irmã mais nova, foi presa em 1964 após o golpe no Quartel do Barro Preto na capital mineira, onde ambas permaneceram detidas sob acusação de subversão por duas noites. Em 1968, após um atrito interno no PCB, as irmãs decidiram se associar ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB), convictas da necessidade da luta armada diante da conjuntura política na época. Amelinha, então casada com o militante César Teles, começou a trabalhar na produção do jornal do Partido.

    Em sua segunda prisão, ocorrida em 1972, Amelinha foi capturada pela equipe da Operação Bandeirantes (OBAN) e foi submetida a sessões de torturas, realizadas pelo major do exército Carlos Alberto Brilhante Dutra, então comandante do DOI-Codi/SP. Ao longo de sua trajetória carcerária, passou pelo DOI-Codi/SP, Deops/SP, Presídio do Hipódromo e por fim, Casa do Egresso, somando aproximadamente 10 meses de reclusão.

    Desde que foi solta, dedicou-se à escrita e ao seu trabalho em prol da liberdade e da democracia e deu continuidade à militância política, cuja principais bandeiras são o movimento feminista e a busca pelos mortos e desaparecidos políticos. Em 1984 fundou a União de Mulheres de São Paulo e, em 1987 e 1988, participou do Lobby do Batom, um marco histórico e civilizatório, que culminou na ampliação de direitos civis, econômicos e sociais das mulheres.

    Em 1994, fundou o projeto Promotoras Legais Populares (PLPs) que dá formação legal às mulheres e as ensina a valorizar o direito, ampliá-lo e aprender o caminho de acesso à justiça. Amelinha é autora de diversos artigos e livros sobre o tema, como “Breve História do Feminismo no Brasil”, “O que é Violência contra a Mulher” e “O que são direitos humanos das mulheres”. Atualmente é coordenadora do Projeto Promotoras Legais Populares e integrante da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos.

     

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