O primeiro episódio da segunda temporada do Saber em Movimento, publicado nesta quarta-feira (3/7), aborda uma pesquisa desenvolvida na unidade acadêmica de Ituiutaba da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). A pauta é a descoberta de fósseis de dinossauros na região, datados de aproximadamente 80 milhões de anos.
Os fósseis foram encontrados na Serra do Corpo Seco, espaço que, no período do cretáceo superior, dava lugar ao grupo geológico Bauru. Escavações lideradas pelo professor Pedro Buck, do curso de ciências biológicas da UEMG/Ituiutaba, encontraram uma série de dentes desses animais, que hoje estão no Laboratório de Paleontologia da UEMG/Ituiutaba.
"São dentes achatados, que afunilam na ponta e são como uma faca, com serrinhas na lateral. Dentes feitos para cortar a presa", afirma Buck, convidado pelo Saber em Movimento, para falar sobre o assunto.
Os dentes passaram por análises taxonômica e filogenética. A partir delas, foi possível descobrir que os fósseis são de abelissauros, dinossauros carnívoros e de grande porte, que viveram pela América do Sul, no período do cretáceo superior.
Esses animais tinham focinhos pequenos, crânios e pernas grandes, caldas longas e braços curtos, semelhantes aos do conhecido tiranossauro rex. Legítimos predadores, os abelissauros tinham até três metros de altura e seis de comprimento.
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Fósseis encontrados na Serra do Corpo Seco passaram por análises taxonômica e filogenética, no Laboratório de Paleontologia da UEMG/Ituiutaba (fotos: Raphaela Mayrink/UEMG/Ituiutaba)
Segundo o professor, a análise dessas características indica, além da identificação da espécie, modos de vida desses animais. "Os abelissauros recorriam muito ao crânio para a captura de presas, então, são crânios robustos. E eles tendem a ter pernas robustas também, porque os ossos indicam isso. Pernas fortes, provavelmente, para esse comportamento de predação", diz Pedro Buck.
Isso é possível graças à biologia atual. De acordo com o professor, a partir dela, é possível olhar para as estruturas dos organismos e atribuir funções a elas.
No tempo dos abelissauros, a região que, hoje, conhecemos como Ituiutaba, existia sob o clima semiárido, com altas temperaturas e o predomínio de campos arenosos. Nos períodos mais úmidos, havia mais rios e, consequentemente, maior diversidade da fauna e da flora.
O episódio de estreia da segunda temporada do Saber em Movimento, sexto publicado até agora, também explora outras descobertas que a pesquisa do professor Pedro Buck já encontrou. O trabalho é desenvolvido com pesquisadores de outras instituições, como as universidades federais de Uberlândia (UFU), do Triângulo Mineiro (UFTM), de São Carlos (UFSCAR) e do Rio Grande do Norte (UFRN).
O Saber em Movimento apresenta projetos de pesquisa a partir de uma linguagem democrática e acessível, com atenção especial às suas amplitudes práticas, assim como aos seus resultados e desdobramentos. O podcast está disponível no Spotify, Deezer, Amazon Music e Apple Podcasts.
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